quinta-feira, 18 de junho de 2009

Permita-me dizer-te que é tarde.
Lutas agora,
mas a derrota é certa.

Nem mesmo isto agora
pode entristecer-me.
Acomodei.

Permita-me dizer-te que é arte.
Artimanhas agora,
mas a comporta não abre.

Nem mesmo isto agora
pode abalar-me.
Estonteei.

Mari Lazzari
RITUAL

Ritual
Segue-o fielmente
Quebro-o
E estilhaço a fita que prende.

Ritual
Sigo-o veemente
Canto de sereia
Tento o mergulho sem me afogar.

Ritual
Cega-te vorazmente
Lança-te
E despedaças construções.

Ritual
Cega-me velozmente
Quedo-me
E reenlaço velhas paixões.

Mari Lazzari
Vento, vento
Revira folhas, revira ramos
Arrasta a terra, o pó, a areia
Vento, vento
Revira vidas, destinos, fatos
Arrasta eventos, arrasta tempos.

Rodopio de frio faz o pássaro
Querer entrar
Ele traz a Mensagem Divina
da Verdade e da Mudança
Uma criança...

Tudo muda, tudo transformado
Já o espírito conformado
Vai ver tudo mudado.

Pela morte? Não temas.
Pelo abandono? O pássaro busca
O abrigo oportuno.
O vento o oprime, o frio o
Perturba.
Onde está seu companheiro?
A procura... se foi... onde?

Ele avisa. Bate à janela
O abandono se aproxima.
Onde abrigar-se?

Ó almas que penam...
Provações sem fim.
O Deus Criador é supremo.
Aceitar é a resposta.
O pássaro no vento,
Aceita o frio.
Se debate...
Não há o que fazer.

Ó dores que extenuam
O pássaro avisa:
Está próximo o dia.

A missão está cumprida.

Mari Lazzari

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Se tudo pode acontecer
Quero mergulhar no teu prazer
Ser penetrada por teu beijo quente
Se tudo pode acontecer
Quero que me perceba nua e tua
Mesmo que ao abrir os olhos
Me veja desaparecer

Mari Lazzari

A noite sedutora,
envolveu-me em seu corpo.
Meus passos insistentes
perseguiam o rastro prata
que a lua traçava pelo chão...
Algo me impedia
de voltar para a mesa
onde deixei solitário,
meu amor...

Mari Lazzari

Sei que são breves os momentos
de angústia
de dor
de conflito
que me trazes.
Sei que breve és em minha vida.
não passas de palavras escritas
de apartes sofridos
sufocos e suspiros.
Sei que és miragem de sonho antigo
preste a apagar-se
preso ainda
por um fio prata.

Mari lazzari

terça-feira, 16 de junho de 2009

Apesar de tudo
devo agradecer-te,
O mergulho na fantasia de anos idos.
Devo agradecer-te:
Apesar da dor que causaste,
apesar do cansaço,
os olhos quentes no acalento do engano,
o coração ardente no suportar da sede.
Apesar da cegueira que me causaste,
o passo mais forte,
o traço mais pesado.
Apesar dos momentos que me roubaste,
o laço mais forte,
o abraço mais apertado.

Mari Lazzari

sábado, 13 de junho de 2009

Há uma fera - à espreita
Quem observa - nem suspeita
Longa é a espera - o tempo conserva
Rente à hera - na rua estreita
Densa floresta - entre muros

Há uma esfera - circunda a rua
Que enerva - nunca desfeita
Faz-me nua - sob o escuro
Penso na aresta - no raio da lua

Há uma era - nem aproveita
Quem preserva - só o que resta
Tem como sua - a seca erva
Já nem presta - foi-se a colheita

Por uma borboleta - o todo se perdeu

Mari Lazzari

sexta-feira, 12 de junho de 2009

BLEFE

Tu és meu amor e não sabes,
nem eu sei o quanto tu és meu amor.
Que amor é esse, que desconheces
e que não sei quanto o é?
Que amor é esse que me dás
sem o sentir, como se dá a uma amada
em plenitude, sem saberes o quanto dás
e que plenitude tem esse amor?
Que amor é esse, que dou sem dizer
quanto sei que dou e me sustento
desse blefe cheio de verdades.
Me sustento desse ar que transparece,
mas que emudece e não nos deixa ver
o quanto amar temos um do outro,
e no ar que transparece, nada fica,
e ouso dizer que és meu amor.
Se nada acontece disso que não temos
e mesmo assim nos damos em plenitude e paixão,
nos olhamos e nos beijamos e negamos
o instante seguinte, e o arroubo que esvanece.
Que amor é esse que nos aproxima e enaltece
Mas é um amor de blefes.
Fazemos o jogo sem saber da derradeira
carta e quem a tece.

Mari Lazzari

quarta-feira, 10 de junho de 2009

Sai de mim o peso daqueles séculos
que vieram no olhar.
Estava oca, mas pesava como os milênios
que fizeram o tempo.
Agora, me preencho para ficar leve
como a paz plena.
Por uma escolha que não fiz,
carreguei nos ombros uma cruz.
Na busca de ser feliz,
perdi minha luz.
Agora, na busca da paz
é que a verdade se faz.
Vou resgatar algo em mim,
e apenas assim vou criar meus traços,
vou dar meus passos.
Pela paz que me preenche
vou buscar a mensagem sutil
que a brisa traz.
Vou criar uma cor para cada bobagem
e fazer um quadro de aragem
para o prazer do olhar,
para o consolo da dor.
Vou estar no estado de despojo,
Vou reviver de novo.
Vou apreciar o calor da alma,
O momento da calma.
Vou me recriar.

Mari Lazzari
Um cão uiva tristemente ao longe.
Boêmios cantam embriagados em alguma esquina.
Te abraço simbolicamente em meu travesseiro.
Mergulho em dúvidas sobre teus pensamentos e quereres.
Não durmo no sono que revira lençois.
O cão sossegou, mas os boêmios persistem distoantes.
O travesseiro é macio e vazio de presença.
Penso e repenso você em mil instantes e palavras faladas.
Para revirar-me novamente.
Insônia, noites perdidas.
Para nada acontecer.
Longa espera de esperanças caídas.
Cacos espalhados no chão onde piso e machuco os pés.
Você dorme tranquilo em um leito, acompanhado ou não.
Nem isso sei.
Travesseiros são meus companheiros no leito de dúvidas em que deito.
Divago em fatos e fantasias horas a fio.
Os cacos me trazendo para a noite escura.
Até permitir o sono novamente acalentar o corpo maltratado.
Sem saber, afinal, quanto de você é real,
Quanto de você inventei.
Me recuso a compreender a razão do travesseiro.
Ele é vazio, ausência de mensagens.
Ele é macio, mentira de vantagens.
Ele é você, invenção de imagens.
Nele durmo o sono e sonho estranhas linguagens.
Você dorme tranquilo em lugar incógnito.
Os boêmios cansaram e se foram.
Cacos e travesseiros misturan-se.
Torna-se doloroso dormir sem você.

Mari Lazzari

terça-feira, 9 de junho de 2009

É noite...
Teus olhos fitam-me
de algum lugar
que desconheço.
Sério,
me perscrutas
de onde estás.
Te perguntando
se penso
em ti
como pensas
em mim.
Te abraço
na escuridão
em algum vácuo
qualquer,
onde caibam
dois pensamentos
a se unirem
em sorriso
melancólico.
Te busco, e
me pergunto
se pensas
em mim
como penso
em ti.
É noite...
Nossas vidas
debruçam-se
para que
nossas mãos
se alcancem.
Não se enlaçam.
Nossas testas
encostam
uma na outra
para unir
os pensamentos
mais uma vez.
Se afastam
outra vez.
Sorrimos,
e nos amamos.
Um amor
sutil
que nem
os anjos
ousam tocar.
É noite...
Como a brisa
embala tão leve
o sino,
nos tocamos
em um ar
que só existe
no nosso
levíssimo
pensar.

Mari Lazzari

sexta-feira, 5 de junho de 2009

Adeus
casual
como tchau.
Te dei como se fôssemos
nos encontrar em qualquer esquina.
Nem te procurei,
estavas sempre ali...
Eu passava na frente
e não entrava.
Algum dia,
outro dia,
semana que vem, talvez.
Como se fosses eterno
e eternamente estarias
à espera
minha, de outro, de alguém.
Agora, a vida e morte nos separam.
O adeus tornou-se pesado.
Nunca mais,
o adeus tornou-se pesado.
Nunca mais,
não mais em uma esquina,
nem entrar para um encontro
mágico.
Não mais
nenhum dia.
Lembranças chovem na mente
todo dia.
Muito mais
à espreita
do nada,
do nunca.
Os olhos a me fitarem arredios,
o sorriso guardava tantos segredos...
As palavras, em tropeços,
abriam pedaços de coração.
Estarias para sempre ali.
Braços fortes,
mãos ágeis.
Socorro infalível.
Caminho entre poças de pensamentos
cheias de teus abraços
respingando alegria,
buscando
em que esquina encontrar-te,
em que porta não entrar no vazio
onde
tua sombra
pode me responder
o adeus prematuro
que te levou sem me avisar.

Mari Lazzari

quinta-feira, 4 de junho de 2009

Vivo no mundo real,
entre sorrisos, entre bom-dias.
Mas secretamente te busco
em um lugar onde não estás.
Onde você não é como você é,
e lá, te encontro como te quero.
E lá, me buscas como desejo.
Esse local que visito
sempre que a tristeza
sombreia a varanda
ensolarada da vida,
ou a solidão alaga
silenciosa o chão onde piso.
Esse local secreto
que frequento sigilosamente,
ali sim, me sinto verdadeira.
Ali sim, a felicidade acontece.
E quando retorno,
todo bom-dia
vem cheio de sorrisos,
mesmo para você que vive alheio
sem entender tanto sorriso.
Será que algum dia,
você descobre esse segredo
e encontra o lugar
onde nosso encontro verdadeiro
é possível?

Mari Lazzari
O vento impiedoso
Verga ramas
Assovia nas grades
Desafia muros e paredes
Dobra esquinas fáceis
Traz lembranças
Risos fáceis do passado.

Leva no seu arrastar
poeirento
As folhas secas
E as esperanças insistentes
Que agarro
Como um guarda-chuvas
virado.

Mari Lazzari

segunda-feira, 1 de junho de 2009

O prédio preto na frente
Me olha com seus
Muitos olhos luminosos.
Olho para ele
E ele permanece incógnito.
Me sinto observada por ninguém
Porque todos devem estar
Muito atarefados nos escritórios.
Apenas os olhos do prédio
Me observam sem parar
E vão se fechando uma a um
Conforme a noite avança.
Às vezes um ou dois ou três
Ficam a noite toda ali
Olhando a rua enfadonha.

Mari Lazzari

sábado, 30 de maio de 2009

Não negues, não mintas, eu vi!
Casemiro de Abreu.
Quem dera que sinta as dores
De amores que louco senti!
Viva, acordada, louca, revivi.
Sorriso, esperança, sonho,
Valsam a música do destino.
Seu desatino desafina a melodia,
Mas ainda é dia, e a mente
Rodopia na ilusão que cria
para a esperança tardia
Que tudo permeia.
Tudo pode acontecer,
Só isso preciso crer,
Como se fosse te ver hoje,
Amanhã, após a morte.
É questão de sorte ou de arte.
Toda semana você parte e depois,
Na segunda, retorna
E minha alma suborna a razão.
Fecunda a fantasia
Só para ver nascer o sorriso.
Perco o siso para te crer verdadeiro.
Te vejo faceiro, em busca de escudeiro.
Quixote foi feliz?
A verdade é quem diz
A idade de ser juiz de si mesmo.
Não negues, não mintas, eu vi!
Sobrevivi e agora espero,
Um gesto sincero,
E só quero te rever.
Ter o prazer de fingir que nada senti.
Que nada vi.
Que já escolhi a rota,
Que não dei a volta,
Que não tenho a escolta
Dos teus desprezos,
Que vivo dias felizes
Sem as cicatrizes
Dos ferimentos causados por ti.

Mari Lazzari

quinta-feira, 28 de maio de 2009


Às vezes me translado
Para o lugar das idéias
Onde me ditam as frases
E o futuro é uma poesia
A ser declamada.

Quem fez os versos,
Faz a rima, e lá de cima
Se diverte o anfitrião
Com a festa e a veste
Da ocasião.

Não se sabe o que vai tocar,
Mas a alma pressente o luar
Ou a luz ausente.
A alma pressente e tenta
Adivinhar onde se faz o horizonte,
Onde trilha o rinoceronte
Para tudo acontecer.

Teu tempo é escasso,
Se vai no abraço a ocasião
Derradeira que te fizeram afastar.
Terás de correr para poder
Um estrago consertar.

Não há escolha a ser feita,
A música envolve,
Não a ouve quem deita.
O minuto foi marcado
No dia do encontro
E não há como esquivar-se.

Quem dera poder fugir deste dia
E permanecer fugidia
No meu canto de paz.
Não mais poderei usufruir deste espaço,
Disto que faço com tão grande prazer.

Marcado foi o dia
E eu que não queria
Vou ter que encarar.
E virás e dirás coisas
Que irão surpreender
E que nem poderia adivinhar.

Quem dera fugir desse dia
De transtorno, de alegria sem paz.
Um encontro, um encanto.
Morrerei depois.
Esta que aqui escreve, nunca mais.

Mari Lazzari
No papel derramo lágrimas
Que não passam pela face.
No papel cravo espinhos sem ferir.
O segredo é o escudo perfeito.
No papel amo sem limitações
E estes rios caudalosos
Que atravessam meu coração
Se transformam em vapores
Que exalam palavras e palavras.
Minha vida desértica seca os rios
Como o vento varre as folhas soltas.

Mari Lazzari

domingo, 24 de maio de 2009

As palavras iludem,
Enganam a percepção.
O silêncio escreve
A verdade no ar.
O menor no mundo,
Pode ser o maior.
O maior no mundo,
pode ser o menor.
Mas o amor no coração
Nos faz iguais.

Mari Lazzari
Nos amamos em perigos iminentes
Nos amamos em escorregões,
Em acidentes.
Nos amamos em estresses,
Em pressas, em sobrecargas,
Em dívidas, em dúvidas,
Em danças cambaleantes,
Músicas e vinhos estonteantes,
Papéis, trabalhos, peixes, compras,
Feiras, chuvas, frio, calor,
Nos amamos simplesmente...
Calmamente...
Fortemente...
Decididamente...
Atribuladamente...
Mas sempre nos amamos.

Mari Lazzari
Voa comigo

Te trago para meu mundo de palavras
Para te retirar do mundo real
Te dou asas para vires ao meu ninho
E quando fecho meus braços
somos dois pássaros com um só par de asas
Desta forma adormeço e caio no abismo da inconsciência
Te tiro do mundo e te refaço em palavras
Para ter a paz do impossível encontro real
Vais e vens como ondas ou como voos
Te chamo para a dimensão que crio
Sinto a paz do ninho no sono
E do mergulho profundo
Quando desperto não tem asas nem palavras
E sei que lá ficarás e que aqui nunca chegarás.

Mari Lazzari

quinta-feira, 21 de maio de 2009


No livro da minha vida
Rasgo as páginas inconvenientes
E deixo o vento levá-las...
A cada página rasgada
Me torno um livro
Mais incompleto e desconexo...

Mari Lazzari

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Se nossa busca for para luz,
que importam os caminhos?
Se o nosso andar nos traduz,
que importam os espinhos?
Se o bem nos conduz,
que importam os mesquinhos?

Mari Lazzari
Há noites, que eu não queria
estar aqui, nem ali...
Queria estar em outro lugar.
Onde, não sei. Ou quem sabe sei...
Noites que demoro para dormir...
Deixo passar as horas
para ver o dia mais perto chegar.
Só então, me animo a deitar,
e não há mais espaço para sonhar...
O corpo pesa e adormece,
E os sonhos ficam em algum lago a deslizar...

Mari Lazzari
Morrem as borboletas
Pousadas no meu coração
Murcham as flores
Cultivadas na esperança

Morrem os pássaros
Na boca da Quimera
Rasgam as esperanças
Nos espinhos do descuido

Morrem os sorrisos
Nas vagas ondas
Afogam restos de vidas
Por um sonho de nada


Mari Lazzari
Por um dia
Eu viveria
Pela espera
Desse dia

Se não há mais
Quedo-me no
Meu próprio abismo

Já é manhã?
Já é noite?

Nada sei,
Não há espera

A queda não termina
Vertigem

Me acordem
É um sonho?

Me adormeçam
É a realidade?

Entrego-me
Aos braços do vento
Esperando
O Baque final

Mari Lazzari

Quando eu vi,
Um arco-íris se formou.
Nele, borboletas saborearam
o gosto das coisas vivas.

Quando eu vi,
no meu coração entraram.
Nele, tudo transformaram,
depois, o tristeza de vê-las partir.

Pensei que fosse o amor
que ali viera,
mas foi só a visita de uma ilusão...

Mari Lazzari
Quando a noite vem
eu procuro o lugar
de estar com meu par...
E se não o encontrar,
vou para um lugar
onde possa ficar
apenas pensando...
Como é bom deslizar
Nas águas tranquilas
apenas, e suavemente,
pensando que
em algum lugar há
alguém querendo
deslizar assim...

Mari Lazzari

Não acredite naqueles que dizem nunca te magoarei...
Serão os primeiros a te derrubar.

Não acredite naqueles que dizem te amar...
Serão os primeiros a te abandonar.

Não acredite naqueles que dizem te ajudar...
Serão os primeiros a te esfolar.

Não acredite naqueles que prometem...
Serão os primeiros a negar.

Não acredite naqueles que te fazem acreditar...
Serão os primeiros a desprezar.

Mari Lazzari

terça-feira, 19 de maio de 2009

Onde fica o lugar do encontro
Na curva esguia do encanto
Em um espaço há tempo pronto
onde convive o profano e o santo.

Onde fica o lugar da magia
No atalho curto do espanto
Em um espaço onde há tempo se cria
O assoalho onde se estende o manto.

Para o deitar do amor ainda puro
Onde a brisa desperta o breve pensar
Quando na noite nem se percebe o escuro

Para se intrigar com tudo o que avista
E quando adormece sobre o alto muro
A escolha escorrega na face lisa da lua...



Mari Lazzari
Ratos de laboratório
Todos somos

Existem várias em mim

A bobona, se deixa levar,
Se deixa conduzir, se deixa usar...

A inteligente e perspicaz,
Essa, desacredita na humanidade,
Não permite ilusões, é fria...

A desconfiada, essa se ausenta
Ou se cala. Descobre segredos,
Descobre jogos, descobre intenções...

Ser todas? Não... É mais divertido
Fracionar. Viver em pedaços...

Uma ratazana que não segue padrões...

Mari Lazzari
Se a morte
É um bem ou um mal
Se vem antes
Ou se vem no final
Veio como azar
Ou veio como sorte
O que importa
Se somos inertes
Se somos viajantes
Afinal
Se apresente desnuda
Ou venha com belo porte
Abra-se a porta
Veja-se nada
Veja-se paisagens delirantes
Seja para o sul
Seja para o norte
Venha muda
Venha falante
Afinal
Por menos que seja
É de nós a mais forte
A certeza fatal
Respondo "vou contigo"
Seja branda
Seja fustigo
Respondo "me envolva"
Na tua guirlanda
Serei meu castigo
No final...

Mari Lazzari

segunda-feira, 18 de maio de 2009

As roseiras no fundo do quintal...
As formigas carregam suas folhas...
Deixam caules desnudos, espinhos à mostra.

Mas as roseiras no fundo do quintal,
Desabrocham suas rosas por igual
Amarelas, vermelhas, cor-de-rosa...

Como a responderem para as formigas,
Que as devoram pouco a pouco,
Que além das folhas, ainda lhes oferecem as folhas...

Faço do meu coração uma roseiral.
Não importa quem chegue,
Haverá de encontrar por aqui uma flor...

Mari Lazzari
Cada dia me suicido um pouquinho...
Um dia fico com fome,
No outro sangro meu coração.
Um dia tomo veneno,
No outro desafio o caminhão.
Um dia faço o que não devia,
No outro deixo tudo como está.
Num dia finjo que desmaio,
No outro minto que não amo.
Cada dia me suicido um pouco...
Não sei mais em que dia
Deixei a vontade de viver,
Não sei em que tempo me perder,
Não sei mais por onde me encontrar.

Mari Lazzari
Eu sou uma e sou muitas.
Sou simples e complexa.
Sou aprendiz de tempo integral.
Sou lutadora na frente da batalha.
E a líder que conduz meu próprio exército.
Sou quem levanta a espada.
Sou quem leva a facada.
Sou quem agita a bandeira da paz.
Sou quem me diz e sou quem me faz.

Mari Lazzari

domingo, 17 de maio de 2009

Sinto um frio na alma
Que congela meu coração.
Ando a esmo perguntando
Por onde anda a chama
Que me acendeu e me aqueceu...
A tristeza tornou-se a minha companheira,
Meus passos cansados já tropeçam.
Vejo o horizonte tão vazio...
Seria preferível ser levada pela morte
A ter esse sofrimento.
Entreguei-me por inteiro
E não me possuo mais
E nem sei o que sou.
Pensei ser um só.
Agora o que sou?
Andarilha de locais frios,
Não sei onde me abrigar,
Me esconder
Do tormento de lembrar...

Mari Lazzari

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Às vezes me sinto assim, meio exótica,
Com as asas inquietas, pronta para voar...
Que seja até a esquina de um sonho perdido,
Até um local desconhecido...
Que seja para o paraíso,
Para um local de perigos...
Às vezes não me importo com o tempo,
Estar só e livre, arrastada pelo momento...

Mari Lazzari


O amor vem e vai
Numa flor que passa, numa folha que cai.
Está nas asas dos passarinhos,
No afago tranquilo de seus ninhos.
Está em um beijo, em mãos unidas,
Em desilusões, em almas partidas.
Vem às vezes distraído
Cantando sozinho seu silêncio traído.

Mari Lazzari

sexta-feira, 8 de maio de 2009

Já não sei por qual caminho sigo...
Me perdi de mim?

Te busco por onde ando...
Te perdi assim?

Já não sei qual estrada sigo...
Alguma tem fim?

Onde a estrada do amor?
Alguém disse sim?

Seja como for...
Sigo sem mim?

Mari Lazzari

Uma força que vem a galope
Não sei se do céu ou do mar.
Me invade e me inunda...

Uma força que vem a galope
Numa onda de infinito amar
Me invade e me fecunda...

Mari Lazzari

quinta-feira, 7 de maio de 2009



















Nem sempre meu sorriso
está na minha face.
Às vezes passeia por onde
nem imagino...

Espero que visite muitas pessoas,
espero que se sintam mais alegres,
espero que se sintam mais leves...
Deixe que o fardo eu mesma levo...

Mari Lazzari















As ondas do mar trazem
o teu riso solto ao vento...
Se a manhã corta, corta as lágrimas
e as joga nas areias do tempo
onde as ranhuras de lamentos
não se ouvem mais...
o olhar transpassa a taça
para chegar no horizonte...


Mari Lazzari

















Você é minha pele
Você é minha boca
Eu sou seu sopro
Dada nos une tanto
Quanto a distância

Você é meus olhos
Você é meu corpo
Eu sou seus passos
Nada nos separa tanto
Quanto a distância

Você é meus dedos
Você é meu pulmão
Eu sou sua vontade
Nada nos separa mais
Que o mistério que nos une

Mari Lazzari