
Boêmios cantam embriagados em alguma esquina.
Te abraço simbolicamente em meu travesseiro.
Mergulho em dúvidas sobre teus pensamentos e quereres.
Não durmo no sono que revira lençois.
O cão sossegou, mas os boêmios persistem distoantes.
O travesseiro é macio e vazio de presença.
Penso e repenso você em mil instantes e palavras faladas.
Para revirar-me novamente.
Insônia, noites perdidas.
Para nada acontecer.
Longa espera de esperanças caídas.
Cacos espalhados no chão onde piso e machuco os pés.
Você dorme tranquilo em um leito, acompanhado ou não.
Nem isso sei.
Travesseiros são meus companheiros no leito de dúvidas em que deito.
Divago em fatos e fantasias horas a fio.
Os cacos me trazendo para a noite escura.
Até permitir o sono novamente acalentar o corpo maltratado.
Sem saber, afinal, quanto de você é real,
Quanto de você inventei.
Me recuso a compreender a razão do travesseiro.
Ele é vazio, ausência de mensagens.
Ele é macio, mentira de vantagens.
Ele é você, invenção de imagens.
Nele durmo o sono e sonho estranhas linguagens.
Você dorme tranquilo em lugar incógnito.
Os boêmios cansaram e se foram.
Cacos e travesseiros misturan-se.
Torna-se doloroso dormir sem você.
Mari Lazzari
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